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Literatura Colonial Portuguesa

Literatura Colonial Portuguesa

27.02.10

Costa Alegre


blogdaruanove

 

Lopes Rodrigues (n. 1928), O Livro de Costa Alegre: O Poeta de São Tomé e Príncipe (1969).

 

A obra poética de Caetano da Costa Alegre (1864-1890) foi compilada postumamente no livro Versos (1916), cuja edição foi promovida pelo seu antigo companheiro e amigo Artur da Cruz Magalhães (1864-1928). À edição original seguiram-se três edições, em 1950, 1951 e 1994, sendo esta última publicada pela IN-CM.

 

Conjuntamente com as temáticas do amor e da morte, características de alguma poesia da época, Costa Alegre desenvolveu ainda uma temática associada à sua negritude e também a São Tomé.

 

Aluno da escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, Costa Alegre acabou por falecer em Alcobaça, vítima de tuberculose. O futuro presidente da República, Bernardino Machado (1851-1944) encontrava-se entre as pessoas que transportaram o féretro, sendo o funeral uma grandiosa manifestação de pesar, conforme relatou o jornal Commercio de Portugal, de 21 de Abril de 1890:

 

"Atraz da carreta seguia se uma grande deputação da escola naval, levando um dos seus alumnos, sobre uma almofada coberta de crepe, a espada e o bonet do desditoso poeta. Immediatamente depois incorporaram-se todos os seus collegas e amigos, sendo o prestito formado por mais de mil pessoas!"

 

Os restos mortais de Costa Alegre foram depositados no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, onde já tinham sido depositados os restos de Gonçalves Crespo (1846-1883), poeta e negro como ele, e foram depois depositados os restos mortais da esposa deste último, Maria Amália Vaz de Carvalho (1847-1921).

 

No entanto, apenas os restos mortais dos dois últimos foram posteriormente trasladados para o Jazigo dos Escritores.

 

 

Da obra de Costa Alegre transcrevem-se uma quadra e o poema Visão:

 

  "Se os escravos são comprados ,

   Ó branca de além do mar,

   Homem livre, eu sou escravo,

   Comprado por teu olhar."

 

   VISÃO

 

  "Vi-te passar, longe de mim, distante,

   Como uma estatua de ebano ambulante;

   Ias de luto, doce tutinegra,

   E o teu aspéto pesaroso e triste

   Prendeu minha alma, sedutora negra;

   Depois, cativa de invisível laço,

   (O teu encanto, a que ninguem resiste)

   Foi-te seguindo o pequenino passo

   Até que o vulto gracioso e lindo

   Desapareceu longe de mim, distante,

   Como uma estatua de ebano ambulante."

 

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