28.02.10
Fausto Duarte - Auá
blogdaruanove
Fausto Duarte (1903-1953), Auá (primeira e segunda edições, 1934).
Na capa, fotografia de Francisco de Oliveira (datas desconhecidas), exibida no Salão Internacional de Fotografia, Paris, 1933.
Com esta obra, Fausto Duarte recebeu o primeiro prémio de literatura colonial para 1934, tendo publicado posteriormente O Negro sem Alma (1935), Rumo ao Degredo (1938), A Revolta (1945) e Foram estes os Vencidos: Contos (1945). Neste último volume anunciava-se ainda a preparação do romance Os Escravos, de que não há registo de publicação.
Pouco antes de falecer, foi ainda guionista do filme Sortilégio Africano (também conhecido como Chikwembo!, 1953), realizado por Carlos Marques (datas desconhecidas).
Surgindo numa linha que se assume de algum modo como herdeira das obras de análise social e retrato psicológico de Abel Botelho (1854-1917; cf. http://blogdaruanove.blogs.sapo.pt/18759.h
"Em Sare-Sincham a algazarra era infernal. Centenas de indígenas espalhados pela tabanca envolta na clâmide branca do luar que descia incorpórea do plenilúnio, escutavam a toada rítmica dos balafons e as melodias árabes que os judeus, tocadores de nhanhero, cantavam com esgares de escárnio. Pouco a pouco formava-se o círculo onde o côro das raparigas fulas, vestidas garridamente para a festa, palmeava acompanhando a cadência ruïdosa dos tambores."
A narrativa desenvolve-se à volta de Malam, um Fula que vive em Bissau e se desloca à sua tabanca, Sare-Sincham, para desposar Auá. O percurso entre estas duas localidades, atravessando Mansoa, Bafatá, Geba e Contubo-el serve de pretexto para pequenas descrições da paisagem e das populações guineenses, culminando com a estadia na zona de fronteira que é Sare-Sincham e a referência a alguns usos e costumes das tabancas das redondezas – Cadembele, Malibula, Patinbal-a e Sare-Bailela.
Tal como em Na Terra do Café (1946; cf. http://literaturacolonialportuguesa.blogs.sapo.pt/4526.html
© Blog da Rua Nove