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Literatura Colonial Portuguesa

Literatura Colonial Portuguesa

13.04.23

Baltasar Lopes - Chiquinho


blogdaruanove

 

Baltasar Lopes (1907-1989), Chiquinho (1947).

Ilustração para a capa da autoria de M. F.

 

Como já foi referido, um excerto deste romance, intitulado O Sr. Euclides Varanda, havia já sido publicado, em 1941, no primeiro número da revista luso-brasileira Atlântico (https://literaturacolonialportuguesa.blogs.sapo.pt/revista-atlantico-i-19333).

 

Obra maior do autor e da literatura de Cabo Verde, esta primeira edição de Chiquinho foi impressa na Tipografia Cardoso, em Lisboa, mas publicada pelas Edições Claridade, de S. Vicente.

 

© Blog da Rua Nove

27.02.14

Revista Atlântico (I)


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Capa do número 4, Nova Série, de 1947.

 

Mantendo a tradição iniciada a partir do seu primeiro número, que havia sido lançado em 1941 e divulgara, sob o título O Sr. Euclides Varanda, um excerto de Chiquinho, romance de Baltasar Lopes (1907-1989) que haveria de vir a ser publicado em 1947, este número 4 da nova série da revista apresenta colaboração de mais um autor africano.

 

Sob o título Poemas Caboverdianos, publicam-se aqui dois poemas de Manuel Lopes (1907-2005) – Pescadores de Santo Antão, dedicado ao compatriota e "claridoso" companheiro Manuel Velosa (1901-1956), e Terra, dedicado ao escritor e diplomata brasileiro Ribeiro Couto (1898-1963; cf. http://blogdaruaonze.blogs.sapo.pt/200643.html).

 

Colaborador do movimento literário Claridade desde a primeira hora, mas consagrado essencialmente como prosador, Manuel Lopes (http://literaturacolonialportuguesa.blogs.sapo.pt/tag/manuel+lopes) apresenta-nos aqui dois poemas que antecedem temáticas posteriormente desenvolvidas nos seus contos e romances.

 

Essas temáticas aproximam-se dos princípios que estiveram na base daquilo que, na literatura portuguesa, se denominou como movimento neo-realista.

 

Transcreve-se de seguida, integralmente, o poema Terra:

 

"Endireitou o busto suado.

O sol traçou a sua sombra esguia

na terra remexida.

 

Pensou no mar enorme,

nas velas perdidas sobre a vasta monotonia

do mar enorme,

nos temporais e nos naufrágios,

nas vidas perdidas dos marinheiros,

nas lutas inúteis,

na escuridão sem fé do homem nos portos estrangeiros.

 

Limpou da fronte o suor,

no gesto simbólico de quem faz o sinal da cruz.

– O suor que cai na terra maternal,

leva o milagre fecundante do amor –.

 

Olhou ao redor,

viu as montanhas altas e tranquilas,

o céu azul,

– sobre o vale pairava um vasto silêncio.

E sentiu-se protegido e abençoado,

seguro e livre na sua doce escravidão antiga.

 

– O sol desenhou uma sombra no dorso nu, curvado,

e uma enxada cavando, cavando na mãe-terra amiga..."

 

© Blog da Rua Nove